
“Essa energia que já anda tão parada, tão carregada de uma nostalgia de fotos
empoeiradas, me dá um sono danado, ainda mais com esse friozinho… Se bem que
dormir é mesmo a melhor opção. Até porque a brisa não cessava de cruzar por entre
as frestas e, insistindo em uivar, fazia o que Joana deveria fazer, anunciava a chuva
que já se mostrava perto demais.”
Dando sequência a nossa coluna de autores convidados, apresentamos hoje um conto do autor Leonardo M. A. Pinheiro. Pernambucano radicado em Brasília, Leonardo é a prova que o Altergrafia está conseguindo cumprir um de seus objetivos: colocar em diálogo as produções literárias de autores contemporâneos em diferentes partes do Brasil.
Em “Tempos de brisa (ou a partilha do gato)”, temos um conto muito bem equilibrado entre a temática complexa – que envolve amor e morte, perda, solidão e recomeço – e a simplicidade para trabalhar tais temas sem soar obscuro ou pedante. O que se sobressai no conto, contudo, é a peculiar perspectiva em que é narrado. Deixo, assim, vossa curiosidade como parte do convite para a leitura de mais um Altergrafia.