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Tempo(s)
Todos esses meses encerrados em casa pela quarentena nos faz pensar sobre a passagem do tempo. Enquanto os dias passam lentos e se esticam entre livros e lives, os meses voam sem os eventos que normalmente ancoram nossa percepção da passagem. E não é só a duração do tempo que parece afetada. Empilham-se sobre nós o futuro e o passado. De um lado, a pandemia reacende as tochas da história e ilumina o passado de epidemias. A peste negra, a febre amarela e a gripe espanhola se tornam fantasmas entre nós. Do outro, a pandemia pavimenta novos trajetos para um futuro que agora precisa ser vislumbrado: um futuro mascarado, de distanciamento, de precaução.
Assim como partículas, ao colidirem, se fragmentam em subpartículas desconhecidas, o tempo também colide e igualmente se fragmenta em realidades a serem desvendadas. Sua linearidade, sua constância, sua estabilidade são apenas traços teóricos a funcionar nos riscos de um caderno de exercícios de física. O tempo se agita, se dobra sobre si, corre, descansa, devora seus filhos. Talvez algum dia, chegue mesmo a morrer.
Nesta edição do Poligrafia, dedicamos nossos contos ao tempo em suas mais diversas acepções. Passado e futuro, eternidade e momento, progresso e repetição entram em tensão nas narrativas que aqui serão encontradas: “Mnemosine”, de Jonatas Tosta B., explora a busca pela memória em um mundo pós-apocalíptico; “Filebo 4.0”, de Gabriel Sant’Ana, traz o diálogo platônico para o tempo dos apps; “Hotel 1995”, de S., aborda a viagem no tempo em uma empresa de turismo temporal; e “O não-lugar”, traz a jornada de um mago pela história em busca de um vislumbre da eterna Utopia.
Talvez o futuro seja incerto e você venha ou não a ler essas histórias. Talvez passado e futuro sejam simultâneos e você já leu e está lendo essas histórias em outros recortes do tempo. Talvez cada possibilidade tenha sua própria realidade e você lerá e não lerá nossas histórias. De uma forma ou de outra, é sempre tempo para uma boa leitura.
S.
Reflexões muito boas sobre o tempoatual e conturbado que estamos vivenciando.
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Obrigado, Christiane!
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